Arrivederci Milano!!!

Hoje despedimo-nos de Milão, mas ontem ainda tivemos tempo de ir conhecer a Pinacoteca, um dos centros culturais da cidade, e o Quadrilátero da Moda, um bairro dedicado às grandes marcas, que engloba a Via Montenapoleone, Via Spiga, etc., um deleite para os olhos e um alívio para a carteira… porque fica levezinha, levezinha!



Ah, visitámos ainda a praça do Teatro alla Scala, do outro lado da Galleria Vittorio Emmanuelle. É outro dos pontos culturais da metrópole, especialmente no que toca a ópera.



E adeus bella cità! Não digo que voltemos um dia, porque conhecemos-te por fora e por dentro, ao pormenor, mas, se regressarmos, os Lagos serão um destino, a frustrante «Última Ceia» será visitada, sem dúvida, e as cidades nas redondezas são aconselhadas a quem gosta de passeios no campo e rurais regatas de barco.



Arrivederci Milano!!!


Galleria Vittorio Emmanuelle II

A Galleria Vittorio Emmanuelle II encontra-se do lado direito do Duomo, quem está de costas para a entrada, no lado oposto ao Palazio Realle, e é o centro comercial mais antigo do mundo. Concebida em 1861 e construída entre 1865 e 1877, a galeria constitui um dos marcos elegantes de Milão, exibindo as marcas mais luxuosas do mundo, como Prada ou Dolce & Gabanna. Mesmo aqueles que não têm condições de comprar nem um botão nas boutiques não se sentem constrangidos em entrar e sentirem-se, por momentos, abastados… nem que seja pelo facto de haver sempre um porteiro a segurar-nos a porta. Chique!

No pavimento da Galleria vão encontrar um touro em mosaico e, se tiverem sorte, um bando de turistas às voltas como se tivessem voltado a ser crianças. Para aquele que não vai preparado, o mais natural é ignorar, mas nós sabíamos que pôr o pezinho no sítio dos testículos do touro e dar três voltas completas potencia, segundo reza a tradição, a fertilidade. Há quem diga que é para a «boa fortuna» ou «boa sorte», mas… são os testículos do touro, ok? Portanto, as senhoras de 60 anos já não precisam de andar às voltas. Nós [os dois] fizemos a nossa parte!

Um facto histórico curioso em relação à construção da Galleria Vittorio Emmanuelle II tem a ver com o seu arquitecto. Giuseppe Mengoni faleceu na véspera da inauguração do local, quando caiu do telhado, onde inspeccionava os últimos detalhes. Contudo, a sua obra permaneceu e é verdadeiramente imponente e o nosso nariz naturalmente arrebita quando passeamos pelo edifício octogonal. Não fosse o chinelinho no pé e já estaríamos a chamar pelo Jarbas ou pelo Ambrósio, para nos carregarem os sacos… imêêênnnnsossss!

Ah, em resposta à Joana, é «o» Duomo… Não sei, creio que passa por aquele facto de, dependendo da língua, alguns substantivos mudarem de género. As coisas não são lineares. Mas que é lindo, é! LOL!

Milão em dois dias

Hoje descobrimos que Milão se consegue ver (bem) em dois dias. Se tiverem o percurso bem planeado, tal como nós fizemos, conseguem conhecer a cidade em dois dias e sem andar à pressa, a menos que não queiram caminhar 12 horas, como nos aconteceu ontem. Nesse caso, reservem três dias para a capital da moda, até porque, se reservarem com antecedência, conseguem ir ver «A Última Ceia», algo que nós não pudemos fazer e, portanto, sobrou-nos mais tempo.



Anyway, hoje o destino foi o Duomo, a terceira maior catedral do mundo e o verdadeiro ponto turístico de Milão. Duomo, que é o centro geofísico da cidade, significa «casa», o que é bastante apropriado, uma vez que a catedral, que foi construída há séculos, tinha como objectivo albergar toda a população de Milão, que, na altura, era de 40 mil pessoas. Nota turística:para entrar, é obrigatório ter os ombros cobertos, portanto lembrem-se as meninas de não levar nada com alças ou cai-cais, e os meninos de esquecerem as cavas. Por esse motivo, aqui a menina Lua teve de comprar à pressa um lenço, para o colocar sobre os ombros. Aliás, as senhoras asiáticas que os vendiam à porta da igreja, devo dizer, têm olho para o negócio, porque a maioria dos turistas vai de ombrinho à mostra!



O edifício é colossal, ao melhor estilo gótico, mas, infelizmente, não pudemos tirar fotos no interior. A verdade é que a maior parte dos visitantes ignorava as regras, fotografando e filmando lá dentro, mas nós queremos acreditar que ainda somos civilizados. De qualquer forma, são de salientar os vitrais, assim como as diversas obras religiosas, espalhadas pelos altares. Se tiverem tempo e disposição, visitem o Museu do Duomo e espreitem a estátua de São Bartolomeu, carregando a própria pele.


Do lado esquerdo do Duomo, para quem está de frente para a praça, encontra-se o Palazzio Reale, que tem sempre várias exposições culturais que podem e devem ser visitadas. Devemos dizer que, nesta zona e na zona do nosso hotel, perto da Stazzione Centrale, foram os únicos sítios onde sentimos mais insegurança. A primeira por se tratar de uma zona turística e portanto um alvo fácil e a segunda porque, de alguma forma, concentra os imigrantes que chegam a Milão e ainda não conseguiram uma oportunidade. Nota: dizem que os hotéis do lado direito da estação são maus e os do lado esquerdo são bons… a avaliar pelo nosso, pelo menos a primeira parte pudemos verificar! LOL! No entanto, temos vista para uma das basílicas da cidade, o que já não é mau!


12 Horas OUT - Parte II

Grande parte da tarde nesta nossa maratona foi passada no Museu de Ciência e Tecnologia Leonardo DaVinci, até porque é e-nor-me! Tal como o próprio nome indica, é maioritariamente dedicado ao grande mestre das artes e da engenharia, que passou algum tempo em Milão. No espaço, podemos ver, em tamanho real, algumas das mais emblemáticas invenções do artista, uma das figuras mais importantes do Alto Renascimento, que se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquitecto, botânico, poeta e músico. É ainda conhecido como o precursor da aviação e da balística. Leonardo frequentemente foi descrito como o arquétipo do homem do Renascimento, alguém cuja curiosidade insaciável era igualada apenas pela sua capacidade de invenção.



Contudo, o museu era realmente interminável e podíamos encontrar de tudo, desde a história de alguns instrumentos musicais, assim como do próprio som em si, até à evolução das primeiras invenções da história, que passava por tudo um pouco, desde meios de transporte a electrodomésticos, passando pelo nascimento da rádio ou do telefone, até ao percurso da joalharia, uma das artes mais importantes de Itália. Pudemos ainda visitar um armazém só de antigas locomotivas e outro onde só existiam barcos (não nos perguntem como é que foram lá parar!) e aviões.



A nossa paragem seguinte foi a Basílica Sant’Ambrogio e Monte Napoleone, uma rua conhecida pelos seus restaurantes e animação nocturna. Bem perto, encontrámos o Hotel Emporio Armani, um verdadeiro império, com restaurante, bar, sapataria, loja de roupa, loja gourmet e mais alguma coisa que consigam imaginar. Era, basicamente, dois quarteirões reservados apenas à marca. Contudo, aproximava-se a hora de jantar e, depois de 12 horas em cima dos pezinhos, resolvemos ir de metro até à zona do hotel.



Devemos dizer que hoje stressámos um bocadinho à procura de um restaurante ABERTO para comer e arrependemo-nos de não ter ficado por Monte Napoleone mais umas horas. Alguns locais da cidade, à noite, ficam praticamente desertos e, sendo sábado à noite, achámos um bocadinho bizarra a ausência de pessoas pelas ruas, até porque estávamos em artérias relativamente principais. Mesmo nos restaurantes, não temos visto grandes enchentes, parece que os italianos não devem ter um culto muito vincado de jantarem fora… Non lo so!

12 horas OUT - Parte I

Saímos do hotel por volta das dez da manhã e o nosso primeiro destino foi o Castello Sforzesco, uma vez que pretendíamos fazer o percurso do dia a pé e, só no final, já afastados do nosso ponto inicial, fazermos a viagem de metro. Não podíamos ter escolhido melhor primeira paragem!



O Castello Sforzesco é um castelo de Milão construído no século XV por Francesco Sforza, tornado pouco depois Duque de Milão, sobre restos de uma fortificação anterior, datada do século XIV. Actualmente, acolhe várias colecções dos museus e galerias de arte da cidade, sendo considerado um cofre-forte artístico, um reservatório de riquezas culturais.



Podíamos passar horas a descrever todas as obras que vimos, mas creio que a Pietà de Rondidini é a mais importante. Adquirida pelo museu em 1952, esta foi a última obra de Michelangelo, que está, portanto, inacabada. Outro dos destaques é para o tecto de uma das salas, pintado por Leonardo Da Vinci, exactamente na mesma época em que pintou «A Última Ceia», mas, por razões óbvias, não alcançou o mesmo mérito.



Frente ao Castello Sforzesco encontra-se o Parco (Parque) del Sempione, é um grande parque público, em estilo inglês, construído por Emilio Alemagna, O jardim paisagístico, onde almoçámos, contém uma Arena napoleónica, o Civico Acquario di Milano (Aquário Civico de Milão), uma torre, um centro de exposições de arte (Trienalle), algumas lagoas e uma biblioteca. No final do parque, encontra-se o Arco della Pace (Arco da Paz).



O caminho fez-se até Santa Maria della Grazie, com o intuito de irmos ver «A Última Ceia», mas… «sold out»! Nota turística: se quiserem ir a Milão e ver «A Última Ceia», de Leonardo Da Vinci, têm de fazer a reserva com um mês de antecedência, para os fins-de-semana, e duas semanas antes, para os dias úteis. Apesar de termos batido com o nariz na porta, apressámo-nos a encontrar o Museu de Ciência e Tecnologia de Leonardo Da Vinci, onde está exposto um fresco, cópia da obra.


Arrivederci Biella! Ciao Milano!

Hoje foi dia de dizermos adeus a Biella, uma cidadezinha da qual ficámos a gostar bastante e que nos deu as boas-vindas a Itália. Por outro lado, foi a nossa chegada a Milão, que marca o início de dois dias de férias reais, uma vez que, até agora, tem sido trabalho das 9h às 20h (e comida, sim, Maria Natália!)… puff!


À primeira vista, não conseguimos perceber porque é que tanta gente disse que iríamos ficar desiludidos com a cidade. Bom, se calhar, devido a tantas más opiniões, a nossa expectativa era fraca e, portanto, sem ilusão não pode haver desilusão. Mas a verdade é que o aspecto de Milão, especialmente o arquitectónico, era um bocadinho daquilo que eu estava à espera. Prédios antigos, mas recuperados, ruas pitorescas e muita actividade. Nota-se a poluição nas fachadas mais acizentadas, mas, na minha opinião, acaba por ser algo característico e expectável!



A nossa chegada à capital da moda foi privilegiada, já que, logo à saída da estação, estava a decorrer uma sessão fotográfica, com apenas uma modelo. Para quem achava que isto só estava concorrido na altura da Semana da Moda, desengane-se! Começámos a ver uma criatura a fazer poses e uma maquilhadora de volta dela e, quando demos por isso, descobrimos o fotógrafo, com uma mega objectiva, por entre os carros estacionados. Que chique!


Apesar do facto de Milão ter uma quantidade muito pequena de áreas verdes, em comparação com outras cidades de seu porte, a cidade possui uma grande variedade de parques e jardins. Está previsto visitarmos alguns… Mas hoje, como chegámos já ao fim da tarde, deu tempo apenas para nos instalarmos e tentarmos encontrar um restaurante. Finalmente, ementas em inglês!!! De qualquer forma, eu e o Filipe estamos já tão habituados que pedimos apenas um prato e uma sobremesa e acabámos por não nos empanturrar em comida, mas estava tudo delicioso!



Ao contrário do que também pensávamos, não nos sentimos inseguros. Seguimos as instruções dos nossos amigos turcos e, no metro, não aceitámos ajudas e comprámos os bilhetes sozinhos e, de resto, viemos a pé para o hotel à noite, percorrendo até uma razoável distância e não vimos problemas de maior. Aliás, passámos inclusivamente por aquele que parecia um dos «hot spots» da cidade, com restaurantes e bares cujos preços voavam da carteira, e um stand de automóveis topo de gama estacionado à porta, como este belo exemplo, com diamantes nas jantes. Luxo!


Cittadella di Biella-Piazzo

Ontem à noite, aproveitámos para ir até à Cidadela, a zona mais antiga de Biella, que data da Idade Média e era uma antiga fortaleza no topo de uma das colinas. Fomos até lá de «funiculare» e pudemos apreciar a paisagem. Ao contrário do que pensávamos (esperamos que se prolongue até Milão), a cidade é muito limpa, muito arranjada, com canteiros sempre floridos e varandas muito apelativas.




A Cidadela não estava diferente. Na verdade, foi possível perceber que a maior parte dos edifícios eram originais, mas recuperados. O tijolinho está sempre muito presente, muito característico da época medieval, e a praça onde jantámos era realmente muito pitoresca!



Depois da pizza, provámos o tiramisú italiano. Segundo a Grande Enciclopedia Illustrata della Gastronomia, aquela que é uma das mais populares sobremesas italianos teve provavelmente a sua origem em Veneza ou Treviso. No dialecto da região, «tiramisú» significa algo como «levanta-me» ou «erga-me», provavelmente numa referência ao café forte, um dos ingredientes da receita.



Na verdade, é difícil confeccionarmos a receita original, uma vez que é feita com um biscoito italiano, chamado savoiardi, criados na corte do Duque de Savoy, em Piemonte, onde se encontra Biella. Apesar de serem muito parecidos ao que conhecemos como palitos de La Reine (ou champanhe), são duas vezes mais duros. De qualquer forma, aqui segue a receita original:


250 ml de café bem forte e adoçado
20 ml de grappa (semelhante a aguardente)
3 gemas
130 g de açúcar
390 g de mascarpone (queijo italiano)
1 caixa de savoiardi
cacau para polvilhar


Adicionar a grappa ao café frio e reservar. Bater as gemas com o açúcar, até obter um creme claro e leve, acrescentando, posteriormente, o mascarpone. Bater novamente até a mistura ficar homogénea e reservar no frigorífico. Os biscoitos devem então ser molhados no café aromatizado, forrando depois o fundo de uma forma e alternando uma camada de biscoitos com uma camada de creme de mascarpone e assim sucessivamente, terminando com o creme. Depois de permanecer no frigorífico por, aproximadamente, três horas, polvilhar com cacau em pó na altura de servir... e buon appetito!

Vicunha

Para aqueles que se queixam das especialidades gastronómicas (Maria Natália, esta é para ti!), aqui vai (mais algum) conhecimento. Lembram-se de eu vos ter falado de um lenço que estava na loja, que custava 1.054 euros? Pois bem, aqui vai a explicação possível...


O material vem de um animal ao qual eles chamam «vicuna», que eu julgo, em português, ser vicunha... not sure. É o animal que possui o menor tamanho entre os camelídeos originais dos Andes, chegando, no máximo, aos 1,30 metros de altura e podendo pesar até 40 quilos. O pêlo da criatura é muito fino e, desde o tempo dos Incas, que é considerado material de alta qualidade. Na altura, só os reis usavam roupas de vicunha e apenas por uma vez, oferecendo-as depois, como forma de homenagear os visitantes.



A vicunha tem um alto valor comercial, que ronda os cinco mil euros por metro, porque o pêlo só pode ser retirado após a morte do animal, o que levou à sua quase extinção, devido à caça ilegal. Actualmente, no Peru, vivem apenas 100 mil exemplares, que estão agora protegidos: a caça é controlada e só pode acontecer de três em três anos. Portanto, o material é raro, o que leva a que as peças cheguem a preços exurbitantes. Mas é um tecido mesmo muito macio, pude comprovar isso com a minha valiosa mãozinha, que foi a única coisa que chegou perto de um lenço de 1.054 euros!



Pronto, satisfeitos com o enriquecimento cultural? Aposto que são mais felizes agora, sabendo que existe, de facto, gente a vestir trapinhos que custam mais do que não-sei-quantos meses do vosso suor. LOL!

A elegância das italianas

Não consigo perceber como é que as italianas se mantêm tão magras! Como eu já disse, o habitual por aqui é comer-se um primeiro prato de massa e arroz e depois comer carne ou peixe. Ambos os pratos são enormes e cheios de comida! Para nós, tem sido impossível provar as duas coisas sem um grande desperdício!


Ontem, ao jantar, provámos um prato de arroz como «entrada» e, assim que o vimos, lamentámos ter pedido o segundo prato. Era uma dose de arroz que dava para um jantar!! A parte boa é que era muito saboroso! Como vos disse, Biella está rodeada de campos de arroz, por isso é um prato muito característico desta zona. Foi talvez o melhor prato de arroz que comemos até agora.



Hoje, ao jantar, aprendi a minha lição e pedi só um prato (mesmo assim, sobrou comida, é a carne na pedra que vêem na fotografia a seguir). Já o Filipe não resistiu a provar um novo prato de arroz. Parece que agora acordámos que é impossível comer as duas coisas, a não ser que se peça apenas um de cada e seja dividido pelos dois. Nenhum comum mortal pode comer tanta coisa em apenas uma refeição, mas desconfio que os italianos tenham ascendência de gauleses.



Só o almoço, num restaurante perto da fábrica, é que é razoável. Pedimos um menu por 13 euros e temos direito ao pão e a dois ou três pratos diferentes, sendo que um deles é sempre massa. Mas as quantidades são decentes, dá para provar e ficarmos bem. Além disso, a comida é sempre muito saborosa! Hoje conseguimos, finalmente, provar o gelado, tão característico de Itália, e não defraudou as expectativas. Nota-se mesmo que é «caseiro», muito menos artificial do que aqueles que aparecem por Portugal.


Ah! Ontem, o Filipe provou o limoncello, um licor feito à base de limão, álcool, água e açúcar, que deve ser bebido bem gelado. Deixo-vos aqui a receita tradicional, para quem quiser provar! LOL!


- 1 litro de álcool puro

- 1 litro água

- 15 limões

- 500g de açúcar


Deixar a casca dos limões junto com o álcool num recipiente fechado, durante uma semana, agitando-o uma vez por dia. Após os sete dias, adicionar os restantes ingredientes, mantendo o recipiente fechado por mais 24 horas. Após esse período, a solução é coada e está pronto. Nos Estados Unidos, é comum beber-se como a vodka, em «shots» e gelado, que foi como se bebeu por aqui. Segundo a tradição siciliana (no sul de Itália), o limoncello é degustado como um licor.

Piacenza Cashmere

Buongiorno, amici!


Depois de uma noite de trovoada (parece que por aqui é habitual), acordámos para o nosso primeiro dia de trabalho. Não sem antes conhecermos o buffet de pequeno-almoço do Hotel Àgora, onde estamos instalados. Para um quatro estrelas italiano (em alguns casos semelhante ao três estrelas português), estamos bastante bem instalados e a oferta para a primeira refeição do dia não nos decepcionou. Pois é, parece que vamos sair daqui com uns quilinhos a mais… troppo male!


Hoje conhecemos Piacenza, a fábrica de caxemira onde vamos trabalhar. Fizemos uma visita guiada às instalações e foi bastante interessante perceber os meandros de um dos tecidos mais caros do mundo. Primeiro de tudo, a caxemira de melhor qualidade vem das cabras da China e da Mongólia e passa por vários processos até fazer aquelas camisolas fofinhas (e sem borboto!) que, por vezes, temos a sorte de experimentar.



Uma das coisas engraçadas é que eles usam cardos verdadeiros, em fila, para retirar o borboto da matéria-prima, conciliando a modernidade com o método tradicional. Há até um pobre coitado que separa os cardos consoante os tamanhos, para que não haja diferenças nos tecidos.



Visitámos ainda a loja e a minha esperança de levar prendinhas em caxemira esbarrou na primeira etiqueta. As camisolas, com alguma mistura de lã, custam, em média, 200 euros… mas quando falamos de caxemira pura, bem, uma écharpe custa a módica quantia de 1.054 euros. Boa sugestão para o Natal, não? Acho que foi uma boa preparação para as montras e preços de Milão. (suspiro)



Mas nem tudo está fora do nosso alcance. Os preços da comida continuam a parecer-nos bastante razoáveis. Ontem, num bom restaurante, comemos os dois por 23 euros e hoje ao almoço cada um pagou 12, sendo que tivemos um almoço tradicionalmente italiano, que, obviamente, terminou com um prato de massa. Segundo nos foi dito, muitas vezes, a massa é o «primeiro prato» e funciona como entrada, sendo que o prato principal é comida mediterrânica, muito parecida à portuguesa... carne, batatas fritas, salada. Aqui, em Biella, o arroz também é visto como «entrada», uma vez que, como já vos disse, a agricultura é muito focada no cultivo do arroz. Antes do prato principal, se quisermos, é servido um prato de arroz… puro e simples (ou não). Estranho, não?